Viajantes do espaço atacam vigia da Represa do Funil, em Itatiaia

Capítulo 1: O Guardião da Noite

A noite caía sobre a Represa do Funil como um manto escuro, pontilhado apenas pelas estrelas que cintilavam no céu de Itatiaia. A lua, quase cheia, derramava uma luz prateada sobre as águas calmas, mas naquela noite de 1971, algo quebrava a serenidade do lugar. Almiro Martins de Freitas, segurança da usina hidrelétrica, caminhava pela trilha de terra batida que margeava a represa, o feixe de sua lanterna dançando entre as sombras. Ele conhecia cada canto daquele terreno, mas um arrepio insistente subia por sua nuca, como se o silêncio o observasse.

Almiro parou, ajustou o boné e ergueu os olhos para o céu. As estrelas brilhavam com uma intensidade incomum, mas havia mais — uma pulsação estranha no ar, um zumbido quase imperceptível. Ele franziu a testa, tentando ignorar a sensação, mas então a viu: uma luz vermelha e laranja, piscando no topo de uma colina próxima. Não era uma lanterna, nem um reflexo. Era algo vivo, hipnótico.

Com o coração acelerado, ele decidiu subir. Cada passo parecia ecoar mais alto, o cascalho rangendo sob suas botas. Ao alcançar o topo, a luz se intensificou, revelando um objeto em forma de corcova, metálico, flutuando a poucos metros do chão. Luzes coloridas corriam por sua superfície, como veias pulsantes. Almiro ficou paralisado, o cérebro lutando para dar sentido àquilo. Não era um avião, não era um balão. Era algo... impossível.

De repente, o objeto emitiu um som — um rugido grave e ensurdecedor que fez o chão tremer. Almiro recuou, o instinto gritando para fugir, mas seus pés pareciam presos ao solo.

Capítulo 2: O Disparo

O medo tomou conta dele. Com as mãos trêmulas, Almiro sacou o revólver que carregava no cinto, um hábito de anos de rondas solitárias. Sem pensar, disparou contra o objeto. O estampido cortou a noite, mas o que veio em seguida foi pior: um clarão vermelho explodiu do objeto, seguido por uma onda de calor que o atingiu como um soco invisível. Ele foi arremessado para trás, caindo com força na terra seca, enquanto o calor queimava sua pele e a luz cegava seus olhos.

Por um instante, tudo foi silêncio. Almiro tentou se levantar, o peito arfando, mas o ar parecia grosso, sufocante. Passos apressados ecoaram ao longe, e uma voz cortou a névoa em sua mente. "Almiro! Você tá bem?" Era João, seu colega de turno, que o encontrou desorientado no chão.

"Não olhe pra luz!" Almiro gritou, mas quando ambos ergueram os olhos, o objeto havia sumido. Restava apenas o cheiro de terra queimada e o eco daquele som terrível.

Capítulo 3: O Mistério se Aprofunda

A notícia do encontro se espalhou rapidamente. No dia seguinte, a usina zumbia com rumores, e Itatiaia virou palco de curiosos e repórteres. Almiro foi levado ao hospital, onde médicos ficaram perplexos: ele tinha apenas leves queimaduras e sinais de choque, mas nada explicava o que ele dizia ter visto. "Era vivo", ele murmurava, os olhos fixos em um ponto distante. "E me viu também."

João não se calou. "Eu cheguei tarde, mas vi o Almiro no chão e senti o calor no ar", contou a um jornalista. "Tinha algo lá, algo que não era humano."

Dias depois, uma equipe de ufólogos chegou à represa, liderada por Dr. Carlos Mendes, um homem de fala mansa e olhar afiado. Eles vasculharam a colina e encontraram uma anomalia: uma área circular onde o concreto fresco de uma rocha próxima havia endurecido em minutos, formando um padrão estranho, quase perfeito. "Marca de pouso", declarou Mendes, apontando para o solo. "O calor foi intenso o suficiente pra alterar a química do material. Isso não é obra da natureza."

Capítulo 4: Sombras do Passado

Enquanto os ufólogos investigavam, histórias antigas começaram a emergir. Dona Maria, uma idosa de olhos encovados, falou com Mendes em voz baixa. "Meu pai viu uma coisa dessas há cinquenta anos", disse ela. "Uma luz caiu na represa e sumiu na água. Ele nunca mais pescou à noite depois disso." A história acendeu uma faísca no ufólogo. Seria a represa um ponto de contato?

Mendes tentou organizar um mergulho no fundo da represa, mas a administração da usina barrou a ideia. "Aqui só tem peixe e lama", disse o gerente, o tom cortante demais para soar natural. A recusa só alimentou as suspeitas de Mendes, mas sem permissão, ele ficou de mãos atadas.

Capítulo 5: O Retorno

Semanas se passaram, e o caso perdeu força na mídia. Almiro voltou ao trabalho, mas estava mudado. Seus colegas notavam como ele evitava a colina e segurava a lanterna com mais força. "Ele tá esperando algo", cochichavam.

Numa noite sem lua, a escuridão era absoluta. Almiro patrulhava a trilha quando o som voltou — aquele rugido grave, como um trovão preso na terra. Ele correu para a colina, o medo misturado a uma determinação feroz. Lá estava o objeto, maior, mais imponente, suas luzes dançando em um ritmo que parecia chamar por ele.

"Por que voltou?" ele gritou, a voz rouca. Não houve resposta, mas um feixe azul o envolveu, erguendo-o do chão. Por segundos, ele flutuou, uma paz estranha tomando seu corpo. Então, foi devolvido à terra, e o objeto subiu, desaparecendo entre as estrelas.

Epílogo: O Legado do Funil

Almiro nunca contou sobre o segundo encontro. Guardou o segredo, sabendo que poucos acreditariam. Mas a Represa do Funil ganhou uma aura diferente — um lugar onde o mistério pairava tão denso quanto a névoa matinal. Dr. Mendes arquivou o caso como "não explicado", mas para Almiro, a verdade era palpável: ele havia cruzado um limite que poucos ousariam.

E assim, a represa seguiu gerando energia, mas também lendas — histórias sussurradas nas noites escuras sobre luzes que dançam e visitantes que ninguém pode nomear.

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Nota do Autor: Esta narrativa é uma ficção inspirada em relatos ufológicos reais associados à Represa do Funil. Os detalhes foram elaborados para criar suspense e imersão.

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