Moradores de Penedo (RJ) exigem paralisação imediata de desmatamento
Devastação de 50 hectares para projeto imobiliário gera indignação e levanta questionamentos sobre infraestrutura, legalidade e impactos ambientais
Moradores de Penedo, distrito de Itatiaia (RJ), especialmente do bairro Jardim Martinelli, iniciaram um movimento urgente para exigir a paralisação imediata do desmatamento de uma área de aproximadamente 500 mil m² (50 hectares), conhecida localmente como "Manchete". O terreno está sendo desmatado para a instalação de um megaempreendimento imobiliário, que prevê a criação de mais de 500 lotes residenciais, com cerca de 250 m² cada.
A comunidade expressa preocupação com os impactos ambientais e urbanísticos da obra, sobretudo diante da já precária infraestrutura local.
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Penedo, que foi severamente desmatado durante o ciclo do café, foi em parte reflorestado pelos imigrantes finlandeses no século XX. Agora, segundo os moradores, enfrenta um novo "atentado ambiental".
O projeto de parcelamento do solo está em curso, e um dos principais pontos de indignação popular é a autorização concedida pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) para a terraplanagem da área, localizada dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA). A comunidade questiona os critérios técnicos e legais utilizados para permitir tamanha supressão vegetal em uma região sensível e turística.
Infraestrutura já está no limite, dizem moradores
Moradores afirmam que o atual sistema de serviços públicos em Penedo já se encontra saturado: o fornecimento de energia elétrica é instável; não há rede de saneamento básico; o transporte público é escasso e irregular; os postos de saúde estão sobrecarregados; faltam calçadas, parques e áreas de lazer; a coleta de lixo é deficiente. Além disso, os rios da região, segundo relatos, estão poluídos, com esgoto sendo lançado sem fiscalização. A água potável também é um problema recorrente, com quedas frequentes no abastecimento, atribuídas à sobrecarga do sistema. Surtos de viroses são constantes, e muitos os associam à má qualidade da água.
Diante deste cenário, a chegada de cerca de 1.500 novos moradores é vista com grande apreensão. “A situação não será benéfica nem para os novos habitantes, nem para os atuais”, afirma uma liderança comunitária.
Silêncio oficial e ausência de órgãos federais ampliam desconfiança
Outro fator que eleva a tensão é o silêncio da Prefeitura de Itatiaia e da Câmara de Vereadores. Os moradores cobram explicações públicas sobre a autorização do empreendimento e questionam a ausência de manifestação do Parque Nacional do Itatiaia e do ICMBio, órgãos federais com responsabilidade ambiental na região.
A insegurança já provoca reações no mercado local. Alguns moradores cogitam vender seus imóveis por medo de desvalorização, enquanto empresários do setor turístico estudam transferir seus empreendimentos para outras localidades, temendo os efeitos negativos do desmatamento sobre o ecoturismo — principal motor econômico de Penedo.
Mobilização cresce e mira audiência pública
Em resposta, a sociedade civil organiza uma mobilização para a próxima reunião da CONCIDADE (Conselho da Cidade de Itatiaia), marcada para 5 de maio, às 17h30, na Câmara Municipal. O conselho é visto pelos moradores como uma conquista da cidadania participativa e, segundo lideranças locais, sua atuação pode ser decisiva para a transparência do processo e a defesa dos interesses públicos.
Grupos comunitários convocam a população pelas redes sociais e aplicativos de mensagens, incentivando a marcação do perfil do INEA (@rj_inea) para pressionar por esclarecimentos. A convocação destaca: “O futuro de Penedo está em jogo, e a voz coletiva da população é a nossa ferramenta mais poderosa para proteger o que foi construído com tanto esforço.”
Não podem levar essa sem responder por tudo que está fora da conformidade nesse processo, quando não está claramente ilegal. Segunda-feira estaremos lá pra cobrar!
ResponderExcluirA falta de infra estrutura básica para os que já residem em Penedo é gritante, o que será dos recursos naturais caso esse projeto vá adiante. Nossa água mal serve para lavar coisas, mesmo tendo muitos que consomem 'in natura', com a estimativa de mais 1500 possíveis moradores acabará de vez com esse recurso.
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